Erros que impedem de falar fluentemente – parte 1

Hoje vamos falar de um tema importantíssimo: os erros de aprendizagem. Se está a cometer estes erros, corrija-os agora. As mudanças serão imediatas e aprender línguas será muito mais fácil.

Introdução

Não existe “talento” natural para aprender línguas e todos podem aprendê-las. A razão pela qual algumas pessoas aprendem mais rápido do que outras é pelo facto de, consciente ou inconscientemente, o fazerem da forma correta. E claro, quando falamos em aprender, não nos limitamos à assimilação de regras e vocabulário, mas destacamos a capacidade de comunicar em diferentes situações.

Por outro lado, professores devem focar-se mais em orientar do que ensinar. Obviamente isto não significa que um professor não deva ensinar bem. Porém, ensinar bem é o mínimo que se espera de um professor. Ensinar bem e de uma forma interessante e cativante, estimulando e envolvendo o aluno no processo, já é algo que diferencia o “professor normal” do “professor bom”.

Um “professor bom” facilita todo o processo e torna-o muito mais agradável e motivante. Consequentemente, as chances de começar a comunicar num tempo curto aumentam consideravelmente. Porém, o processo não depende somente do professor e, por isso, mesmo quando o professor é bom, o resultado poderá ficar aquém do esperado.

Isto acontece porque o aluno poderá estar a cometer um ou mais erros que o impedem de começar a comunicar. Muitos destes erros não são percetíveis ao professor menos preparado e, por muitas vezes estarem relacionados com caráter do aluno, parecem difíceis de mudar. Diz-se que cada pessoa tem a sua forma de aprender, mas quando o assunto é comunicação, existem formas eficazes e forma ineficazes.
Então, quando um professor ensina bem, planeia aulas interessantes e, ainda, ensina o aluno a aprender corretamente, o sucesso é garantido. Por isso, este artigo é útil tanto para alunos como professores.

Esquecer a prioridade

Existem vários objetivos importantes quando aprendemos uma língua, mas existe um que está sempre no topo da pirâmide: comunicar. Não aprendemos gramática e vocabulário para fazer exercícios correctamente. Aprendemos isto para comunicar, de foram oral e escrita, sendo que a comunicação oral assume destaque. A comunicação divide-se em duas partes: a compreensão e a expressão. Então, em todo o momento a prioridade deverá ser sempre compreender o que é pedido/dito/perguntado e responder de uma forma compreensível. Lembre-se: compreensível, não necessariamente correta. Se o seu interlocutor o compreendeu, então o objetivo de se expressar foi alcançado com sucesso. Mais tarde, e com a prática comunicativa, irá fazê-lo de forma correta também. Mas até lá é preciso comunicar, sem comunicação não há prática, e sem prática não há resultados.

Extremo foco nas regras (e exceções)

Para começar a falar numa língua nova, além de vocabulário, precisamos de aprender regras. Estas ajudam-nos a compreender a mecânica da língua, a sistematizar a informação e a comunicar de forma mais compreensível.

Ao longo da aprendizagem o aluno tem de aprender regras, muitas delas com exceções associadas. No início, o aluno tem a tendência de pensar em todas as regras que aprendeu e aplicá-las, mas com o tempo esta tarefa torna-se impossível. Fazer isto constantemente implica um enorme consumo de tempo e esforço e torna a comunicação inviável. Por esta razão, a pessoa só se torna fluente quando para de pensar nas regras: ela torna-se fluente quando não se lembra das regras. E não se lembrar não significa que se esqueceu, mas sim que as assimilou subconscientemente e que agora é capaz de as usar sem pensar (conscientemente) nelas.

Daqui que resulta que não faz sentido estar constantemente a lembrar-se das regras: elas serão assimiladas com a prática e utilização da língua.

Traduzir

Outro grande erro é pensar no que vai dizer na língua materna e depois traduzir para a língua-alvo. Isto não só torna a comunicação demasiado lenta, como frequentemente a torna impossível. Isto porque, quando o aluno pensa na sua língua materna, tende a pensar em estruturas mais complexas. Consequentemente ele pode pensar em estruturas que não têm uma tradução literal na língua-alvo, ou mais frequentemente, pensar em frases com palavras que ele não sabe e, portanto, não pode traduzir.
Então, uma das condições para a fluência é parar de pensar na língua materna. Enquanto o fizer o discurso nunca será fluido. É condição obrigatória pensar só na língua nova. Ao invés de pensar em como traduzir uma frase, o aluno deve pensar nas palavras que sabe e como exprimir uma ideia usando só essas palavras.

Isto chama-se “competência comunicativa”, que não consiste em saber muito, mas em fazer muito com o que se sabe. Nas línguas há muitos caminhos para exprimir a mesma ideia de forma compreensível, então o aluno deve devolver a capacidade de escolher o caminho certo. Neste caso, deve ter a capacidade de escolher as palavras que sabe para exprimir a ideia que quer.

Medo de errar

Como professores ficamos muitas vezes surpreendidos com a pressão que os alunos colocam neles próprios. Até fazermos uma coisa bem, temos de fazê-la mal. E se a fizemos algumas vezes mal, significa que já praticámos e estamos cada vez mais próximos de a fazermos bem.

É claro que o professor ajudará sempre o aluno a chegar aos objetivos com o menor número de tentativas. Mas o aluno deve perceber que não está a falar na sua língua materna, então ninguém vai julgar os seus erros. Pelo contrário, os falantes nativos irão provavelmente valorizar o seu esforço e ficar satisfeitos por compreendê-lo. Além disto, as aulas não são exames para entrar na universidade ou tirar a carta de condução, ou seja, por mais erros que façam isto não vai impactar na sua vida. Pelo contrário, a sala de aula é o lugar ideal para fazer erros, pois ninguém o compreenderá melhor do que o professor e os colegas. A sala de aula é o melhor lugar para mostrar as suas fragilidades, pois é lá que elas são corrigidas.

Conclusão

Hoje abordámos apenas três erros, pois compreendemos que frequentemente não é fácil mudar hábitos, nomeadamente os de estudo. Não é nosso objetivo corrigir tudo num dia, mas se comete um ou mais destes erros e se os corrigir, já estará a dar um grande passo.

Por fim, se gostou e quer explorar todo o seu potencial para aprender línguas, fique atento aos artigos do nosso blogue, ou siga-nos no Instagram.

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