Erros que impedem de falar fluentemente – parte 2

Neste artigo continuaremos a falar sobre erros de aprendizagem, alguns mais, outros menos óbvios, que os alunos cometem frequentemente ao aprender uma língua. Isto é algo muito importante, pois a longo prazo tem um impacto enorme na aprendizagem.

Pedir para corrigir todos os erros

É normal que os alunos queiram falar correctamente. Afinal, não faz sentido aprender a fazer uma coisa mal. E, de certa forma, uma das tarefas do professor é precisamente ajudar nisto. Consequentemente, o professor terá de corrigir os alunos em alguns momentos.

Porém, a aprendizagem de línguas apresenta especificidades, sendo uma delas o papel do erro. Nas línguas o erro é parte do processo. Generalizando, pode dizer-se que aprende melhor quem comete mais erros (não confundir com erros de aprendizagem). Parece contraditório, mas há um sentido nisto. Se um aluno comete muitos erros significa que está a expressar ideias complexas com vocabulário e estruturas simples. Quando o faz, ele desenvolve as capacidades comunicativas, que é o objetivo da aprendizagem de uma língua. Pelo contrário, quando o aluno não comete erros, provavelmente está a expressar ideias simples com ferramentas complexas. Simplificando, este aluno precisa de muita informação para pouca comunicação, enquanto o primeiro comunica muito com pouco.

Posto isto, o aluno deve tranquilizar-se e compreender que em cada momento há erros que devem ser corrigidos no momento e outros que devem ser deixados para mais tarde. Estar constantemente a corrigir direciona o foco para o erro, enquanto este deve estar direcionado para a comunicação. Outro aspeto importante é que este hábito banaliza a própria correção do erro, fazendo com que esta perca a sua força e o seu efeito pelo excesso de utilização. Por isso, não fique aborrecido quando o professor não o corrige. Ele não está a ser benevolente nem negligente, mas sim a ajudar.

Perguntar se está correto

Este erro de aprendizagem está relacionado com o anterior.

O primeiro não é tão comum, pois os alunos compreendem que esta tarefa é praticamente impossível e vai atrasar muito o desenvolvimento. Porém, é frequente quando os alunos começam a construir frases mais complexas, logo após proferir a frase, perguntar ao professor se está correto. Isto é errado por diferentes razões.

Primeira razão é porque “estraga” e beleza da comunicação. Imagine estar a ter uma conversa interessante com um amigo estrangeiro e ele estar sempre a perguntar-lhe se falou bem ou não. É muito provável que a conversa perca interesse. Claro que o foco é a aprendizagem, mas nunca podemos esquecer que temas interessantes aumentam o desejo de comunicar.

Outra razão é que isto destrói a confiança do aluno, pois ele fica dependente da correção/aprovação para manter um diálogo. O aluno deve habituar-se à reação do interlocutor. Se o interlocutor compreende então significa que a linguagem é compreensível. Se não compreendeu completamente, pode-se reformular e com a prática melhorar a nossa capacidade de expressão. O interlocutor deve ser visto como uma ferramenta de treino que nos ajuda a melhorar e não como um juiz.

Finalmente, o aluno deve perceber que, na verdade, o professor está sempre a corrigi-lo, mas raramente o faz de forma direta. Isto porque um bom professor sabe que isto interfere na dinâmica da aula e até na autoconfiança do aluno. Portanto, o mais provável é que o professor faça com que o aluno perceba onde errou sem o dizer diretamente.

Caminho único

Outro aspeto interessante nas línguas é que não há duas pessoas que falem exatamente da mesma forma e que usem as mesmas palavras e formas para expressar a mesma ideia. Isto mostra que a mesma ideia pode ser expressa de formas muito diferentes. Não só as ideias, mas os objetivos também podem ser alcançados de formas diferentes.

Então quando não consegue expressar uma ideia de uma forma, pense noutra. Habitue-se a encontrar caminhos alternativos e faça disto uma prática. Como dissemos na primeira parte, o importante é nunca pensar na sua língua materna, mas somente na língua que está a aprender. Esqueça que fala outra língua.
O mesmo se aplica quando ouve ou lê. Foque-se no contexto e não no significado de cada palavra separadamente. Até porque, frequentemente não é possível traduzir palavra por palavra, pois no contexto pode não ter sentido literal.

Não ter uma rotina e não desfrutar

Outra especificidade da aprendizagem de línguas é o facto de exigir tempo. Aprender uma língua não é como fazer um workshop. Uma língua precisa de ser compreendida, assimilada para estar pronta a ser usada. Para que isto aconteça, a aprendizagem tem de fazer parte da nossa vida durante algum tempo, o suficiente para que fique connosco para o resto da vida.

A parte boa é que não é necessário colocar um grande esforço ou despender muito tempo da nossa vida como muitas pessoas pensam. É somente necessário incorporar isto na nossa rotina e torna-lo um hábito agradável sem estar sempre a pensar em quando o nível desejado será alcançado. Acredite que quando menos esperar estará a comunicar e terá desfrutado do processo. Além disto, certamente os resultados serão duradouros e quem sabe até sentirá alguma nostalgia do tempo em que estudava a língua.

Conclusão

Esperamos que tenha gostado desta segunda parte e que fique com vontade de ler a terceira, onde falaremos de mais alguns erros de aprendizagem frequentes. Para tal, recomendamos que fique atento aos artigos do nosso blogue o que que nos siga no Instagram.

Lembre-se: Não existe talento para línguas, mas sim métodos (de ensino e de aprendizagem) e motivação corretos. O ensino depende do professor, mas a aprendizagem depende do aluno, então garanta que faz a sua parte da forma mais eficiente e divertida.

Deixe um comentário